NOTA DAS MULHERES DO COLETIVO DIALOGAÇÃO EM REPÚDIO À VIOLENCIA POLICIAL CONTRA ESTUDANTES DA UFU
Nós,  mulheres do Coletivo DialogAção, repudiamos publicamente a ação  violenta da Policia Militar (PM) ocorrida no último dia 27 de Fevereiro,  em que vários estudantes foram espancados, sendo um estudante, uma  estudante e um ex professor da UFU presos arbitrariamente.
Os  estudantes participavam de uma integração com os calouros quando três  viaturas da PM abordaram de forma truculenta, sem intenção de diálogo e  demonstrando prévia intenção em adentrar a casa para retirar as pessoas  agressivamente, portando cassetetes, porretes e fuzis. Ao fim da ação  haviam-se mobilizado oito viaturas e, mesmo sem resistência em encerrar a  atividade, os estudantes que estavam no local foram brutalmente  violentados. 
Esta  ação policial é mais um exemplo de tantos outros casos de abusos de  poder que cada vez mais vêm a público e que incidem, sobretudo, contra a  população pobre, os movimentos sociais e os demais grupos oprimidos  socialmente, transparecendo a institucionalização da violência e o uso  do aparato policial como aparelho de repressão e opressão.
Alguns  dos estudantes vítimas da ação, incluindo os moradores da casa onde  ocorreram as atrocidades, participam do movimento estudantil na  universidade e já vinham sofrendo perseguições devido a militância. Nos  chama atenção a forma como a violência foi utilizada contra mulheres sem  condições de resistência, sendo uma delas presa, violentada, algemada e  arrastada por dois policiais homens, sem justificativa, enquanto uma  amiga, que tentava dialogar com um policial sobre a desnecessidade da  ação, foi enforcada e atirada ao portão.
A  mulher na sociedade atual ainda é fortemente oprimida, sendo a  violência, física ou não, uma das principais manifestações de poder do  homem sobre a mulher. No Brasil, a violência contra a mulher se coloca  como um problema social expressivo e, para além de estatísticas, a  violência que mulheres, sobretudo negras e pobres, sofrem todos os dias  em todas as esferas é silenciada e, por vezes, naturalizada.
Este  caso, aponta o uso da violência para intimidar, coagir e reprimir, de  acordo com uma ideia de ordem dirigida pelos grupos que estão no poder. O  machismo, profundamente arraigado na atual ordem social, é explicitado  em como as mulheres são veementemente atacadas pelos mecanismos de  dominação.
Consideramos  que a ação da Policia Militar demonstra uma clara orientação de ataque  do Estado frente aos direitos humanos, nos colocando cada vez mais  distantes de uma sociedade justa e igualitária.
06 de março de 2012 
 

 
 
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