terça-feira, 6 de março de 2012

NOTA DAS MULHERES DO COLETIVO DIALOGAÇÃO EM REPÚDIO À VIOLENCIA POLICIAL CONTRA ESTUDANTES DA UFU

NOTA DAS MULHERES DO COLETIVO DIALOGAÇÃO EM REPÚDIO À VIOLENCIA POLICIAL CONTRA ESTUDANTES DA UFU

Nós, mulheres do Coletivo DialogAção, repudiamos publicamente a ação violenta da Policia Militar (PM) ocorrida no último dia 27 de Fevereiro, em que vários estudantes foram espancados, sendo um estudante, uma estudante e um ex professor da UFU presos arbitrariamente.
Os estudantes participavam de uma integração com os calouros quando três viaturas da PM abordaram de forma truculenta, sem intenção de diálogo e demonstrando prévia intenção em adentrar a casa para retirar as pessoas agressivamente, portando cassetetes, porretes e fuzis. Ao fim da ação haviam-se mobilizado oito viaturas e, mesmo sem resistência em encerrar a atividade, os estudantes que estavam no local foram brutalmente violentados.
Esta ação policial é mais um exemplo de tantos outros casos de abusos de poder que cada vez mais vêm a público e que incidem, sobretudo, contra a população pobre, os movimentos sociais e os demais grupos oprimidos socialmente, transparecendo a institucionalização da violência e o uso do aparato policial como aparelho de repressão e opressão.
Alguns dos estudantes vítimas da ação, incluindo os moradores da casa onde ocorreram as atrocidades, participam do movimento estudantil na universidade e já vinham sofrendo perseguições devido a militância. Nos chama atenção a forma como a violência foi utilizada contra mulheres sem condições de resistência, sendo uma delas presa, violentada, algemada e arrastada por dois policiais homens, sem justificativa, enquanto uma amiga, que tentava dialogar com um policial sobre a desnecessidade da ação, foi enforcada e atirada ao portão.
A mulher na sociedade atual ainda é fortemente oprimida, sendo a violência, física ou não, uma das principais manifestações de poder do homem sobre a mulher. No Brasil, a violência contra a mulher se coloca como um problema social expressivo e, para além de estatísticas, a violência que mulheres, sobretudo negras e pobres, sofrem todos os dias em todas as esferas é silenciada e, por vezes, naturalizada.
Este caso, aponta o uso da violência para intimidar, coagir e reprimir, de acordo com uma ideia de ordem dirigida pelos grupos que estão no poder. O machismo, profundamente arraigado na atual ordem social, é explicitado em como as mulheres são veementemente atacadas pelos mecanismos de dominação.
Consideramos que a ação da Policia Militar demonstra uma clara orientação de ataque do Estado frente aos direitos humanos, nos colocando cada vez mais distantes de uma sociedade justa e igualitária.

06 de março de 2012

Nenhum comentário: