quinta-feira, 25 de outubro de 2012

EM DEFESA DO POVO GUARANI KAIOWÁ, CONTRA O AGRONEGÓCIO GENOCIDA, A OMISSÃO DA GRANDE MÍDIA E O ESTADO EXCLUDENTE

Com o anúncio de “morte coletiva” por parte dos Pyelito Kue, comunidade de 170 indígenas que expôs seu desespero após receber uma ordem de despejo da terra onde vive acampada, a tragédia social que já se arrasta a muitos anos dos povos Guar
ani-Kaiowá ganhou expressão no cenário brasileiro e internacional. Há muito tempo está sendo colocado em curso o extermínio velado desse povo indígena, resultado do avanço do agronegócio, do modelo de Estado excludente, combinados com a omissão da grande mídia.







segunda-feira, 15 de outubro de 2012

GREVE NACIONAL DA EDUCAÇÃO: BALANÇO E PERSPECTIVAS PARA A REORGANIZAÇÃO DO MOVIMENTO ESTUDANTIL




O governo federal e a greve do funcionalismo público

“- Greve na rua. Dilma a culpa é sua!”

O governo Dilma vive um período de acentuado agravamento da crise econômica mundial e os cortes de mais de 50 bilhões nas áreas sociais, em uma lógica perversa de prioridade a banqueiros e empresários em detrimento da educação, refletiu-se diretamente em um forte descontentamento nos trabalhadores de diversas áreas sociais. Mais de 36 categorias do funcionalismo público entraram em greve por todo o país em 2012 e estima-se que o número de trabalhadores que cruzaram os braços chegue a 350 mil servidores. Setores como a Secretaria do Tesouro, Receita Federal e até mesmo a Controladoria-Geral da União (CGU) também pararam e categorias como a Polícia Federal (paralisação de 80% do contingente) e os professores do ensino superior (95% das universidades federais paralisadas) atingiram altíssimos níveis de mobilização pró-greve. Definitivamente Dilma deixa claro não ter a mesma habilidade de Lula para se relacionar com movimentos sociais.

Greve nacional da educação

“- Para barrar a precarização:
Greve geral, greve geral na educação!”

A greve dos professores da educação federal, que durou mais de 120 dias, representou um importante processo de reação aos efeitos da crise econômica mundial e à política neoliberal de educação reforçada pelo Governo Federal. Os docentes sofreram duros ataques: ameaça de corte de pontos, acordo com PROIFES (sindicato praticamente sem representação real de base e sustentado pelo próprio governo federal) e também fechamento das negociações de maneira unilateral e intransigente foram exemplos. A proposta de aumento que o governo chegou a sinalizar beneficiaria apenas professores em topo de carreira (menos de 5% do total) e ratificaria o descaso com as condições de trabalho, que foram bastante pioradas com a implementação do Programa de Ampliação e Reestruturação das Universidades Federais – REUNI. A falta de diálogo do governo com os movimentos sociais fez com que chegássemos ao fechamento da proposta de orçamento para o ano de 2013 (em 31 de agosto) sem que nada de concreto a respeito da reestruturação da carreira fosse apresentado à categoria.

Mesmo com o fim da greve sem a conquista da reestruturação da carreira e sinalização objetiva de melhorias nas condições de trabalho, o ANDES comemora o saldo político que, sem dúvidas, foi positivo. O processo de greve colocou em luta docentes de 57 das 59 IFES de nosso país além dos vários professores de institutos e escolas federais, destacando-se a atuação dos professores novos e recém contratados. A mobilização e, principalmente, a unidade dos três setores (professores, técnicos administrativos e estudantes) da educação federal, junto a outras quase 40 categorias federais em greve, demonstrou a capacidade da classe trabalhadora de pressionar o governo e principalmente avançar no diálogo para novas mobilizações unitárias. Apesar da decepção da categoria docente com o fim da greve sem conquistas palpáveis, o momento é de disputar o PL 4368/12 (sobre a carreira), garantindo a autonomia universitária e preparando as bases para novas e maiores mobilizações. Vale lembrar também que o ANDES-SN é o único sindicato que sai da greve sem assinar com o governo e por isso é também a única categoria que pode ter seu saldo político revertido em novas lutas no ano que vem, externado, inclusive, em um possível processo de nova greve.

Comando Nacional de Greve dos Estudantes

“-Alerta! Alerta! Alerta Mercadante!
Quem negocia a greve é o Comando de Estudantes!”

O CNGE contribuiu com a reorganização do Movimento Estudantil ao mostrar que é possível a construção da unidade entre todos os setores combativos, avançar em uma  referência nacional de unidade e combatividade nas lutas, provar a importância da independência e do enfrentamento ao governo Dilma e a necessidade de formulação e defesa de um projeto de educação pública, gratuita e de qualidade.

Dos aspectos positivos do CNGE pode-se destacar a materialização de um processo de luta real dado a partir da unidade dos grupos da Oposição de Esquerda da UNE, da ANEL e também de uma grande gama de estudantes organizados e de luta que não se encontram em nenhum destes dois espaços.  A unidade da esquerda é uma realidade possível na luta.

Dentre as limitações do espaço, devemos destacar a dificuldade que a grande maioria dos Comandos Locais de Greve Estudantil (CLGE) tiveram para enraizar seus processos de luta locais e também o grau de sectarismo e demarcação por parte de setores muito específicos que acabavam por dificultar um processo de síntese coletiva diária dentro do comando nacional.

 Pudemos observar um desgaste grande das “entidades representativas” como quando defendemos que “nem UNE, nem ANEL fala em nome dos estudantes grevistas”.

Oposição de esquerda à direção majoritária da UNE

A Oposição de Esquerda da UNE (OE) aglutina coletivos organizados e militantes independentes que possuem autonomia junto ao governo federal e não se exime de construir lutas em defesa da educação, sempre que necessário. É um setor autônomo.

Apesar de existirem divergências entre os grupos que a constroem, a OE encontra sua unidade no projeto de educação e sociedade que defende e, por isso, sua organicidade não é por acaso, é uma necessidade real na atual conjuntura. A OE é um espaço que além de necessário, tem conseguido se consolidar como um espaço de produção de síntese e diálogo entre coletivos um tanto diferente em algumas concepções. Entender suas diferenças, debater saudavelmente e conseguir apontar para uma síntese deve ser prioritário em um momento de reorganização. Não nos parece razoável que em um momento de reorganização estejam errados os diversos grupos que estão produzindo síntese entre si e se esforçando para a construção de unidade, mesmo com suas diferenças, e que estes devam, todos, se deslocar para o setor que hoje se encontra mais isolado no movimento estudantil nacional e que possui grande dificuldade de legitimação junto ao conjunto da juventude estudantil brasileira.

Avançar na organicidade da OE é um caminho necessário. A construção de uma reunião da Oposição de Esquerda para fazer um balanço qualificado do que foi o processo de greve pelo qual atravessamos é importante para identificarmos com mais clareza para onde nossas lutas devem apontar no pós-greve.

Nova entidade

 Reorganização do Movimento Estudantil significa a retomada da juventude para as lutas, o rompimento com a apatia e a inércia e a capacidade de construir lutas e reivindicações independentes a governos, com recorte de classe e ligadas às necessidades concretas da juventude. Trata-se de um processo em curso, que não é mecânico ou linear. Não existem, para ele, respostas prontas e únicas.

Assim, mais do que construir uma entidade é preciso construir uma verdadeira cultura de movimento no conjunto dos estudantes que faça avançar o processo de consciência da juventude, que volte a garantir vitórias concretas e organizar jovens lutadores em cada escola e universidade para que estejam sempre nas ruas.

Construir a ANEL materializa um isolamento nada razoável, pois a “nova entidade” não parte de uma necessidade concreta da base dos estudantes e nem de parte significativa das organizações combativas do Movimento Estudantil. Ou seja, a ANEL é fruto de anseios de parte da vanguarda do movimento e, por isso, não pode ser vista como a grande saída ao processo da reorganização do Movimento Estudantil.

Cada grande luta travada pelos estudantes, desde as ocupações de reitoria e luta contra o REUNI em 2007, as novas ocupações de reitorias por todo o país em 2011 e a greve da educação agora foram processos que avançaram na consciência e que nos dão, hoje, um cenário mais otimista do que o de uma década atrás. No entanto, por mais que a UNE tenha sofrido um duro processo de desgaste político junto aos estudantes brasileiros no último período ainda não há condições objetivas para a construção de uma nova entidade; o rechaço à União Nacional dos Estudantes e também a qualquer outra entidade nacional representativa são provas. Além disso, a construção de algo novo no movimento também deve vir acompanhada de novas práticas que superem velhas e viciadas práticas herdadas de outras estruturas que hoje ainda se manifestam de maneira cotidiana no movimento estudantil.

Reorganização do movimento estudantil

Muitas vezes os vícios das organizações do movimento estudantil são refletidos no sentimento autonomista de “fora partidos/grupos organizados” que vem tomando conta de grande parte de nossa juventude. Apesar de ser autoritário e simplista criminalizar estudantes organizados, precisamos fazer autocrítica das práticas que muitas vezes reproduzimos e que colaboram para que esse sentimento se potencialize. O aparelhamento de organizações sobre o movimento é um problema concreto e, por isso, um dos balanços mais positivos do CNGE é que ele funcionou como instrumento de luta sem nem a UNE, nem ANEL falar em nome dos estudantes. A pauta, a luta pela educação foi o que nos unificou.

As executivas e federações de curso também cumprem um papel importante na reorganização do movimento estudantil brasileiro. Além de ser o espaço onde conseguimos melhor materializar novos projetos para setores sociais específico, ainda é no movimento de área que visualizamos uma das melhores janelas de diálogo com a realidade concreta do estudante fazendo, facilmente, um debate de educação mais amplo a partir do seu currículo ou um debate profundo de trabalho a partir da precarização que é comum a praticamente todos os estagiários no Brasil. Hoje um bom número de executivas e federações de curso gozam de um reconhecimento e legitimação real junto à base de estudantes que pretende representar assim como à um bom número de instituições acadêmicas e sociais. O FENEX – Fórum de Executivas e Federações de Curso, embora com as limitações que possua, ainda cumpre um importante papel no boicote ao ENADE, um dos principais pilares da política neoliberal na educação. É também uma alternativa real de organização de esquerda para o movimento estudantil que aglutina CA’s e DA’s de diversos cursos espalhados por todo o país.

Enfim, a reorganização do movimento estudantil não pode se resumir apenas à disputa de uma entidade burocratizada como a UNE nem à construção de uma nova entidade com sérias dificuldades de legitimidade junto ao conjunto dos estudantes como a ANEL. É preciso que entendamos que esses dois espaços ainda aglutinam lutadores importantes mas que um processo de luta verdadeiramente nacional e de massas aponta hoje para uma estrutura semelhante ao CNGE, onde para além de uma ou outra entidade, o que nos mobilizou e fez construir aquela importante ferramenta foi a unidade da pauta, na luta. É hora de continuarmos avançando na construção de sínteses através de processos de luta e ferramentas que tenham a capacidade de unir Oposição de Esquerda da UNE, ANEL e principalmente independentes a partir da construção objetiva do que faz avançar o processo de consciência em qualquer setor social: a luta.

Rompendo Amarras

Campo Nacional de Juventude e Movimento Estudantil

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Pão e Milton: crônica de uma audiência (não)pública.


Era 29 de maio de 2012, dia em que conhecemos os candidatos à reitoria da universidade. Estudantes vinham apressados, sobre os ventos de outono que anunciava na Universidade Federal de Uberlândia o grande espetáculo de Milton Nascimento, coroação da audiência pública que anunciara o projeto do novo Centro Cultural.
Seria mesmo o grande Bituca, dos grandes festivais e do clube da esquina? Sim era ele. O grande artista trago pelo magnífico reitor e auxiliado pelo futuro candidato a prefeitura municipal.
Logo se formaram filas e distribuíram senhas, como aquelas dos galpões de sopa em que encontramos pessoas ávidas por matarem sua fome. Mas no caso a avidez era por Milton Nascimento.  
Conversas entre entusiasmados, empurrões e brigas entre pessoas que furavam as filas, contrastavam na busca pelo convite que daria acesso ao grande espetáculo. Informações desencontradas conduziam como uma boiada pessoas que não sabiam ao certo onde, como e quando tiver em mãos aquele pequeno e bendito pedaço de papel.
 E a audiência pública? A audiência era bem vinda, pois quem ousa ser contra a cultura? Ainda mais com o show do Milton Nascimento - diziam algumas pessoas que encontrava na fila.
 Mas uma audiência pública com a retirada de ingressos e que restringe acesso apenas para algumas centenas de pessoas? Isso mesmo dizia uma funcionária. É o Milton minha gente!
Logo percebi que além desse fato instigante e incômodo no acesso a suposta audiência existia dois tipos de passaporte: um de cor laranja, destinado a um seleto grupo de pessoas com direito a uma área privilegiada “vip” e outro de cor azul para os demais plebeus.
Tudo estava pronto no Coliseu moderno de Uberlândia, que inclusive tem nome de castelo e que ainda se intitula “MASTER”. Barraquinhas de comidas, bebidas, balas e demais guloseimas eram comercializadas. De(s) graça basta apenas o espetáculo.
 Ao tentar me acomodar pela primeira vez senti a discriminação a flor da pele. Seguranças verificavam em cada pessoa a existência de uma pequena circunferência adesiva de cor amarela. Caso tivessem, o acesso à área próxima do palco lhes esperava e com direito a quitutes, a famosa “boca livre”.
Como não tinha, fiquei no meio do corredor próximo a área e logo os seguranças deram um jeito de me retirar do local, pois estava atrapalhando o trânsito e a visão das pessoas.
Cadeiras vazias no ambiente “vip”, enquanto os demais lutavam pelos melhores lugares na “geral”. Silêncio, silêncio, o show vai começar. Não! É apenas o início da “audiência pública” com solenidades ao magnífico reitor, ao futuro candidato a prefeito e seus demais comparsas. Poucas palmas e algumas vaias ecoam pelo saguão.
Para a audiência (não)pública do Centro Cultural, poucas perguntas são exibidas para a plateia, em pequenos vídeos e devidamente editados. Viva a tecnologia aliada à democracia! Limpa, correta e pragmática.
Estudantes insatisfeitos tentam se manifestar, mas em vão.  Suas perguntas não podem ser feitas. A justificativa? Eles querem questionar o que não se pode. Estamos em período eleitoral.
De repente, uma heroica professora em greve consegue subir ao palco. Diz em alto e bom tom sua luta e pede um minuto de silêncio. Estamos velando a Educação! Aplausos ao final.
A hora do espetáculo chegou. O gladiador dos tempos modernos subiu ao palco. Notei pouco entusiasmo em seu rosto. Mas quem disse que o gladiador entrava toda vez no Coliseu com sede de batalha e sangue?
A reconhecida genialidade artística de Milton toca mentes e corações. Logo faz com que as pessoas entrem em outro estado. É como se todos os problemas acerca do que o leva para aquele momento desaparecessem. Talvez esse seja o efeito desejado.
Aplausos a cada música ensurdecem o salão e a sensação era de que a cada palma propagava-se pelo ar uma solução anestésica que temperava a ordem. Senti medo e angústia. Mas tinha que voltar porque a hora do meu ônibus havia chegado. Tem troco para cinco reais?

Ricardo Takayuki Tadokoro

sábado, 26 de maio de 2012

Ato marca o início da Greve Estudantil deflagrada na UFU.



Depois de deflagrada Greve dos estudantes da UFU em assembleia estudantil (23/05/12) e com a constituição de um Comando Local de Greve, foi realizado na tarde de sexta-feira do dia 25/05 o ato que marcou o início da greve. Cerca de 150 estudantes fizeram presença em frente à reitoria, na oportunidade da reunião do CONSUN (Conselho Universitário da UFU), levando o documento que informava a deflagração da Greve Estudantil e suas pautas de reivindicações. Além disso, nós estudantes reivindicamos que fosse incluído em ponto de pauta da reunião do conselho a paralisação do calendário acadêmico onde ficou decidido ser debatida pelo CONSUN na próxima reunião, que será dia 01/06.

Comando de Greve Local Estudantil é instaurado
Após assembleia estudantil um Comando Local foi criado com a finalidade de tocar as atividades operacionais e políticas da greve. Tal Comando é aberto a tod@ estudante interessado em contribuir diretamente com o processo. Na tarde do dia 24/05 ocorreu à primeira reunião onde foram debatidas conjunturas e perspectivas futuras para que possamos conquistar as reivindicações estudantis levantadas pela pauta construída nas duas últimas assembleias.  Os estudantes ali presentes também decidiram pela importância de somarmos esforços ao movimento grevista docente, com perspectivas de integrarmos um movimento só em prol da educação pública.  Segunda (28/05) às 08h30min ocorrerá à reunião dos professores que será aberta ao grupo do Comando Local de Greve dos estudantes para discutirmos futuras ações conjuntas.

Nós do Coletivo DialogAção fazemos um chamado a tod@s os estudantes da UFU para somarem esforços nas mobilizações de greve e construir um programa que vise superar os atuais obstáculos da educação brasileira.

Foto: Maycon Dantas

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Mais de 560 estudantes em Assembleia Estudantil na UFU tiram posição favorável à greve dos professores.


Ontem, dia 16/05 as 17h00minhrs, ocorreu na UFU uma Assembleia Geral Estudantil com cerca de 560 estudantes dos mais variados cursos da UFU. A assembleia iniciou-se com os informes das entidades representativas dos estudantes ( DA’s e CA’s) sobre as assembleias e debates já realizados nos seus respectivos cursos tratando a temática da Greve. Foram repassados pelos representantes das entidades os apontamentos de algumas unidades acadêmicas sobre adesão favorável ou não a Greve.
Dentro do debate realizado ao processo de Greve dos professores na UFU foram colocadas e aprovadas duas propostas de encaminhamentos: 1)APOIO A GREVE DOS DOCENTES e 2) INDICATIVO de GREVE ESTUDANTIL PARA DIA 23/05. A aprovação das duas propostas se deu por quase unanimidade dos presentes.

 Com o contexto desta importante decisão a ser tomada pelos estudantes sobre a deflagração de uma Greve Estudantil, orientamos a tod@s @s estudantes da UFU que fiquem atentos às assembleias que irão acontecer em seus cursos e, caso não haja assembleia marcada, que os mesmos procurem suas entidades representativas ( DA's e CA's) e reivindique a realização de uma assembleia estudantil para que seja tirado um posicionamento frente ao processo.

É preciso entender a necessidade colocada hoje para a Educação no Brasil de acirrar o embate com o Governo Federal na disputa por melhorias na educação do país, em uma conjuntura político-econômica orientada para os interesses do mercado, em que dentro das prioridades  de investimento hoje não está a educação. É preciso nos colocar a frente do processo de luta por mais investimentos na educação.

A Greve hoje é tão necessária que já começa a se tornar real onde, até o momento, já temos mais de 20 IFES (Instituições Federais de Ensino Superior) em greve deflagrada. Não podemos ficar alheios a esse processo e assistirmos como expectadores. Essa é mais uma oportunidade histórica do nosso país de avançar por melhorias na Educação.

Semana quem vêm vai haver outra Assembleia Geral dos estudantes para “bater o martelo” sobre a Greve Estudantil, não deixem de participar nos rumos da Greve.

DATA: 23/05
Horario: 17:00hrs
Local : Centro de Convivência do campus Sta Monica.

Boletim nº2 Edição Especial: Greve na UFU.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Greve na UFU

A partir do dia 17 de maio os professores da UFU e de mais 24 universidades federais (até o momento) entrarão em greve. A luta dos professores também deve ser a nossa luta. Segue abaixo o video baseado em animação promovendo o uso de transportes públicos da LIJN.



segunda-feira, 14 de maio de 2012

Espaço de Formação "Introdução ao Marxismo" - 5ª Sessão


#DEDO NA FERIDA - Tod@s desacatamos com Emicida!


Nossa total solidariedade ao rapper Emicida que injustissimamente foi detido pela PM de Minas Gerais por simplesmente exercer em seu show o direito a expressão em repudiar o despejo da Comunidade Eliana Silva (em MG) com sua música “Dedo na ferida”. O show aconteceu no bairro Barreiro, na periferia de Belo Horizonte.

Nada mais simbólico do que esse fato ocorrido no dia 13 de maio, dia em que se comemora a abolição da escravatura no Brasil. Vivemos em um país da falsa democracia e liberdade onde lutar e falar contra as injustiças sociais é considerado crime. Este caso é mais um de tantos outros em que presenciamos o verdadeiro lado fascista de um estado brasileiro que em função do chamado “crescimento econômico”, expulsa, violenta, criminaliza e executa.

Se romper o silêncio e denunciar o caráter autoritário e repressor do "Estado Democrático de Direito" é "desacato à autoridade", tod@s nós também desacatamos com Emicida 

Clipe da música "Dedo na ferida" de Emicida


Video do despejo da Comunidade Eliana Silva

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Relato sobre a situação da ocupação na região do shopping park – Uberlândia

Cerca de 500 famílias ocupam as casas do programa habitacional da Caixa Econômica Federal, que, seja por motivação intencional ou incompetência, não foram entregues aos moradores aos quais se destinava há 4 meses, encontrando-se, assim, em condição de deterioração. Do grupo de ocupantes foi expedida uma ordem de despejo de 200 famílias para o dia 24/04, mesmo com as negociações iniciadas na semana anterior.
Um recurso jurídico chamado “agravo” – que consiste no pedido de revisão da decisão pelo próprio juiz ou por outro – foi montado para impedir o despejo e encaminhado ao órgão competente em Brasília-DF, baseando-se no argumento da não utilização das casas e a condição de pobreza das ocupantes.
Sabe-se bem que nestes casos o processo jurídico é apenas uma parte da questão, o principal é a pressão política, por parte de apoiadores da sociedade civil e de movimentos sociais, mas principalmente da luta dos próprios moradores.
Enquanto o advogado Igino Marcos (CPT – Comissão Pastoral da Terra) continua preparando o recurso ao despejo e apoiando juridicamente essas famílias, outros apoiadores (CPT) e moradores se preparam para mais lutas.

I – Situação Material:

Ao conviver com nesse meio rapidamente observamos que se trata de um grupo de trabalhadores próximos ao chamado “lupemproletariado”; onde sua renda atinge no máximo 700 reais mensais dentre cerca de 5% de seus integrantes, mais da metade ganha entre 1 salário mínimo (650) e 400 reais e o restante menos do que isso, em sua maioria sem carteira assinada e trabalho irregular.
A motivação para o ato de ocupação é clara: impossibilidade de pagar aluguel – muito menos em comprar ou financiar uma casa – com tal salário, numa cidade de grande especulação imobiliária onde o aluguel de uma casa pequena e longe da região central não é menos de 250 reais – o que a maioria expressou ter pago anteriormente. Depreendo a primeira questão: como pode uma família com a renda de 400 reais pagar aluguel e ainda comer?
Está claro que um grupo social exposto a salários baixos, trabalhos de meio período, subemprego, “bicos” e até desempregados, tomem tal medida desesperada de ocupar uma casa vazia. Um deles afirma: “Tive que ocupar, como vou pagar 270 reais de aluguel se recebo 400 no trabalho de servente de pedreiro? Tenho mulher grávida e um filho para criar”. Qualquer um que ouvisse suas histórias se arrepiaria pela miséria e violência a qual foram expostos antes de chegar a tal lugar e tomar tal decisão.

II – Organização e relações sociais:

De um lado o movimento não tem lideranças, nem princípios constituídos nem organização hierárquica; se revezam em pequenos grupos de trabalho e as informações ficam a cargo do apoio de militantes apoiadores. Talvez este fato seja importante para explicar o espetáculo de democracia direta e solidariedade inigualável que se pode observar em suas reuniões.
As ciências sociais ainda não lhes focam com a importância científica nem a cidade de Uberlândia lhe reconhece importância política, mas isto é um grande erro, perde-se a oportunidade de entender tal cultura urbana, tal complexidade, suas próximas ações prometem constranger posturas políticas “apáticas” presentes na cidade.
Do ponto de vista das relações sociais, leia-se sociabilidade, entre os componentes da ocupação enganam-se aqueles que apresentam uma visão de que em um contexto com dificuldades materiais necessariamente encontramos tristeza e incapacidade. A quem participar de suas reuniões organizativas pode observar crianças brincando, mulheres entoando cantos evangélicos, homens rindo das piadas contadas. Esta é a convivência de um lugar ao mesmo tempo pobre e extremamente diverso.

III – Situação política:

O autor clássico Engels ao falar da origem dos movimentos sociais operários em “A situação da classe trabalhadora na Inglaterra” lança a tese de que o movimento operário teria três fases: 1) resistências individuais (como o crime); 2) criação de associações de auxilio mútuo (solidariedade de classe); 3) movimento com conteúdo e organização política (movimento reivindicativo).
Observamos que o grupo em questão apresenta nível de organização com elementos que oscilam entre os três estágios de forma concomitante: suas decisões são motivadas pela necessidade material de uma moradia própria; solidariedade dos ocupantes para com aquelas famílias de ocupantes que não conseguem seu sustento básico – ou até participação nas demandas do movimento, como cadastro; se organizam para lutar por seus direitos, comparecendo, por exemplo, em frente á Caixa Econômica Federal para pressionar as autoridades sobre suas necessidade e reivindicações, e etc.
Elementos aparentemente contraditórios são combinados: uma religiosidade forte com uma objetividade também marcante, em suas falas sempre afirmam acerca de Deus mas nunca se esquecem de falar da necessidade da luta, entendem sua condição e que dela podem sair somente pela luta, mas incorporam a esperança na ajuda divina a este discurso – Deus e Luta são vocábulos comuns em suas falas.
A cidade de coronéis que é esta Uberlândia também lhes coloca seus limites políticos: seria de esperar que pelo menos algum político de esquerda apoiasse a causa, no entanto, estão abandonados por estes políticos que em ano de eleição não podem se sujar. De um lado Fellipe Atiê, pretenso candidato a prefeito, se aproximou apenas de algumas famílias, não para ajudar, mas para montar uma base de apoio – afinal não se apresentou a todo o grupo – de outro lado Gilmar Machado, seu concorrente, não quer auxiliar os ocupantes porque apresentam base de apoio de Felipe Atiê. Até o momento o movimento recebe apoio apenas de 4 militantes contrários a estas tendências de polarização para as eleições (CPT, Sindicato dos Correios e Coletivo estudantil DialogAção).
Apesar desta tragédia uma dupla condição se formou: pelo descaso dos políticos “coronelistas” são condicionados em direção à auto-organização; criam o mais belo espetáculo de democracia direta, sincera e comprometida, capaz de ser paciente com as diferenças entre seus companheiros e resolver a situação de forma coletiva – algo que jamais pude observar desde o congresso nacional da república do Brasil até nas assembleias do movimento estudantil.
Ao mesmo tempo em que episódios enfraquecem o movimento, como a ação da prefeitura que busca criar dissidências internas, processos contrários fortalecem sua luta; empurra-os para uma solidariedade entre seus membros e clareza de quem são seus amigos e quem são seus inimigos.
Por fim aquele grupo de lutadores legítimos precisa de ajuda dos diversos movimentos sociais, e esta é nossa tarefa, nos aproximarmos, ajudar em sua organização, apoiar sua luta, sempre respeitando suas vontades e seus métodos.

“Quando morar é um privilégio ocupar é um direito”

Fernando H. S. Araújo – Membro do Coletivo Estudantil Dialogação, Campo Debate Socialista (PSOL), Centro Acadêmico de Ciências Sociais – UFU (gestão Interagir) – 23/04/2012

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Abril Vermelho em Uberlândia contra a violência e criminalização dos movimentos sociais é recebido à bala.


Na manhã de terça-feira do dia 17 de abril de 2012 iniciou-se a atividade do Abril Vermelho em frente à reitoria da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) contando com a presença de cerca de 300 manifestantes. A atividade tradicionalmente organizada pelo MST dessa vez contou com a presença de outros vários movimentos e entidades do campo e cidade de Uberlândia e região através da criação do Comitê de Combate a Violência e Criminalização dos Movimentos Sociais.

O Abril Vermelho em Uberlândia teve o objetivo de evidenciar o avanço da criminalização dos movimentos sociais e a crescente onda de violência e repressão, denunciando a impunidade das execuções de vinte e um sem-terra no Eldorado dos Carajás (PA) em 1996, cinco em Felisburgo (MG) no ano de 2004 e o recente assassinato de três companheiros do MLST em Uberlândia.  Contou ainda com uma pauta de reivindicações para a Universidade Federal de Uberlândia demandando o retorno das atividades da assessoria jurídica popular da UFU para os movimentos sociais, criação de projetos de ensino, pesquisa e extensão voltados para a Reforma Agrária e Urbana, e não implementação da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) no Hospital Universitário.

A UFU respondeu nossa manifestação (veja o video ao lado) com o fechamento dos portões e o som explosivo de uma arma de fogo disparada por um segurança privado a fim de reprimir a manifestação. Indignados os manifestantes exigiram a retirada das armas das mãos dos seguranças, o que foi acordado com a Polícia Militar e Polícia Federal e não foi cumprido.

Sob clima de tensão, nos mantivemos firmes mesmo com as intimidações, exigindo da reitoria da universidade a recepção de uma comissão do comitê para apresentação de nossa carta de reivindicações. Na parte da tarde a comissão foi recebida pelo vice-reitor Darizon Alves de Andrade, onde o mesmo não quis se comprometer com as reivindicações afirmando que não é função da Universidade atender as questões da Reforma Agrária. Sobre a vigilância o vice-reitor afirmou que defende o armamento para garantir a integridade patrimonial da universidade, mas não soube esclarecer como e de que forma.

O papel da Universidade Federal de Uberlândia está sendo o de produzir conhecimento orientado por uma lógica de um modelo de desenvolvimento econômico que exclui as camadas mais necessitadas e populares da sociedade uberlandense e região, não cumprindo com os objetivos da universidade pública de criar mecanismos de integração e desenvolvimento que estimule a solidariedade na construção de uma sociedade democrática e justa, no mundo da vida e do trabalho. Estes objetivos inclusive constam em estatuto da UFU o que demonstra o quanto é mentirosa as declarações do vice-reitor ao fazer uma afirmação que isenta a universidade de suas responsabilidades.

Em Uberaba
No mesmo dia, em outra ação do Abril Vermelho cerca de 80 famílias Sem Terra, do MST, do Acampamento Roseli Nunes II – MST do Triângulo Mineiro - ocuparam a Fazenda Inhumas, no município de Uberaba. Na madrugada de 18/04, por volta das 05h00min, um grupo de segurança privada da Empresa Máster chegou ao acampamento efetuando disparos contra os militantes. Sem mandado judicial, por volta das 08h00min, a Polícia Militar de Uberaba prendeu algumas das lideranças: Edvaldo Soares e Adelson Luís. A PM alegou flagrante o que não ocorreu uma vez que as famílias já estavam com suas barracas erguidas e com estrutura montada no imóvel. A Fazenda Inhumas faz parte de uma grande fazenda que foi desmembrada em três fazendas. As outras duas fazendas já estão tomadas por canavial que produz cana para a Usina Vale do Tejuco, que integra o Consórcio CMAA – Companhia Mineira de Açúcar e Álcool -, que está instalando mais outras duas Usinas na região do Triângulo.

Sabemos que isso tem a ver com a adoção do Estado brasileiro de um modelo de desenvolvimento voltado para o agronegócio exportador que traz consequências negativas para os trabalhadores no campo e cidade. Quem ousa lutar e resistir é tratado com repressão e violência.

O dia de 17 de abril de 2012 torna-se mais um marco histórico para a unidade da classe trabalhadora e para as lutas dos movimentos sociais de Uberlândia e região que não se curvam aos interesses do capital e lutam por outro projeto societário.

Reforma Agrária já!
Quando o campo e a cidade se unem, a burguesia não resiste!
Viva a unidade da classe trabalhadora do campo e cidade! 
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CARTA DO COMITÊ DE COMBATE A VIOLÊNCIA E CRIMINALIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS PARA A UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
Uberlândia 17 de Abril de 2012
Entendendo que o Estado brasileiro hoje adotou como modelo de desenvolvimento o agronegócio exportador que traz consequências negativas para os trabalhadores no campo, quilombolas e indígenas;
Entendendo que este mesmo modelo afeta a população da cidade na medida em que a saída dos trabalhadores do campo levou a uma urbanização extremamente acelerada no Brasil sob os marcos da desigualdade social e ilegalidade;
Entendendo que o papel da Universidade Federal de Uberlândia está sendo o de produzir conhecimento orientado por essa lógica desenvolvimentista que exclui as camadas mais necessitadas e populares da sociedade uberlandense e região, não cumprindo com os objetivos da universidade pública de criar mecanismos de integração e desenvolvimento que estimule a solidariedade na construção de uma sociedade democrática e justa, no mundo da vida e do trabalho;
Entendendo que o parágrafo anterior tem como sua última evidência a proibição da ESAJUP (Escritório de Assessoria Jurídica Popular) em prestar atendimento e auxílio aos movimentos sociais de luta pela terra no processo da Reforma Agrária e que isso evidencia mais uma vez a exclusão de discriminação com setores das classes trabalhadores organizados ou não;
Entendendo que o conjunto de movimentos e entidades da sociedade sente-se mais uma vez prejudicada com a criação da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares uma vez que ela significa a abertura da privatização da saúde pública;
Entendendo que existe uma onda crescente da violência, criminalização e extermínio de militantes dos movimentos sociais e populações pobres do campo e cidade na luta por seus direitos e condições dignas de sobrevivência tendo como último fato trágico, a execução de três militantes da reforma agrária de Uberlândia (militantes que inclusive estavam em áreas de conflitos em que a ESAJUP foi proibida de prestar auxílio jurídico pela reitoria da UFU).
Entendendo que o fato lamentável e ultrajante em que a segurança terceirizada da UFU apontou e disparou com uma arma de fogo para reprimir os manifestantes na atividade pacífica de hoje na porta da reitoria (atividade que justamente denunciava a questão da violência no campo e cidade);
Nós do Comitê de Combate a Violência e Criminalização dos Movimentos Sociais viemos colocar por meio desta, nossas demandas para a Universidade Federal de Uberlândia:
1)      Retorno das atividades de assistência da ESAJUP aos Movimentos Sociais;
2)      Criação de projetos de ensino, pesquisa e extensão que priorizem o auxílio às comunidades de assentamentos e acampamentos voltados para a Reforma Agrária e Urbana;
3)      Não implementação da EBSERH no Hospital Universitário da UFU.
4)      Desarmamento da segurança nos campi da UFU
5)      Audiência pública com o magnífico reitor Alfredo Júlio para esclarecimentos e posição oficial da Universidade frente às demandas.
Assinam este documento,
Comitê de Combate a Violência e Criminalização dos Movimentos Sociais.
MST, MLST, MPRA, MSTB, ADUFU, CSP-CONLUTAS, DCE-UFU, Coletivo DialogAção, Coletivo Vamos a Luta, Coletivo Juntos, Consulta Popular, Centro Acadêmico de História, Centro Acadêmico de Ciências Sociais, Movimento de Acesso ao Transporte Público, Central dos Movimentos Populares. 

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sexta-feira, 30 de março de 2012

Primeira vitória dos estudantes da UFU contra a EBSERH


A primeira batalha vencida na guerra contra a EBSERH na UFU.


Na tarde do dia 30 de março de 2012, o Movimento Estudantil (M.E.) da UFU teve uma importante vitória contra a implementação da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) na universidade. Por meio de uma mobilização que contou com a presença de vários estudantes, DCE, D.A´s , C.A´s e coletivos estudantis - juntamente com a intervenção de conselheiros docentes, discentes e técnico-adiministrativos -  foi possível exercer pressão na reunião do Conselho Universitário (CONSUN) a ponto de adiarem a discussão sobre a EBSERH. As entidades sindicais dos professores (ADUFU) e técnicos (SINTET) também somam esforços no enfrentamento político contra a implementação da empresa.

Houve na reunião do conselho o entedimento de que a comunidade acadêmica necessita de maior espaço para reflexão e debate antes de tomar qualquer decisão a respeito, algo que não vinha acontecendo sobre o tema em questão, demonstrando mais uma vez a postura anti-democrática da reitoria na sua forma de administrar a UFU. Após a obtenção da vitória na reunião do CONSUN, em plenária final, os estudantes presentes deliberaram por realizarem duas assembléias que ocorrerão nos Centros de Convivência dos campi Santa Mônica (03/04 às 17h00min) e Umuarama (04/04 às 18h00min). Outro fato importante foi a deliberação do CONSUN em realizar uma audiência pública  sobre a EBSEHR para esclarecimentos e debate aberto à comunidade da UFU. 

Nós do Coletivo DialogAção convocamos todos(as) os(as) estudantes a participarem - juntamente com o conjunto do Movimento Estudantil - de uma frente de luta em defesa da saúde pública não permitindo que a EBSERH se torne uma realidade em nossa universidade.

CONTRA A PRIVATIZAÇÃO DA SAÚDE!
CONTRA A EBSERH!

Saiba um pouco mais sobre a EBSERH:

terça-feira, 6 de março de 2012

NOTA DAS MULHERES DO COLETIVO DIALOGAÇÃO EM REPÚDIO À VIOLENCIA POLICIAL CONTRA ESTUDANTES DA UFU

NOTA DAS MULHERES DO COLETIVO DIALOGAÇÃO EM REPÚDIO À VIOLENCIA POLICIAL CONTRA ESTUDANTES DA UFU

Nós, mulheres do Coletivo DialogAção, repudiamos publicamente a ação violenta da Policia Militar (PM) ocorrida no último dia 27 de Fevereiro, em que vários estudantes foram espancados, sendo um estudante, uma estudante e um ex professor da UFU presos arbitrariamente.
Os estudantes participavam de uma integração com os calouros quando três viaturas da PM abordaram de forma truculenta, sem intenção de diálogo e demonstrando prévia intenção em adentrar a casa para retirar as pessoas agressivamente, portando cassetetes, porretes e fuzis. Ao fim da ação haviam-se mobilizado oito viaturas e, mesmo sem resistência em encerrar a atividade, os estudantes que estavam no local foram brutalmente violentados.
Esta ação policial é mais um exemplo de tantos outros casos de abusos de poder que cada vez mais vêm a público e que incidem, sobretudo, contra a população pobre, os movimentos sociais e os demais grupos oprimidos socialmente, transparecendo a institucionalização da violência e o uso do aparato policial como aparelho de repressão e opressão.
Alguns dos estudantes vítimas da ação, incluindo os moradores da casa onde ocorreram as atrocidades, participam do movimento estudantil na universidade e já vinham sofrendo perseguições devido a militância. Nos chama atenção a forma como a violência foi utilizada contra mulheres sem condições de resistência, sendo uma delas presa, violentada, algemada e arrastada por dois policiais homens, sem justificativa, enquanto uma amiga, que tentava dialogar com um policial sobre a desnecessidade da ação, foi enforcada e atirada ao portão.
A mulher na sociedade atual ainda é fortemente oprimida, sendo a violência, física ou não, uma das principais manifestações de poder do homem sobre a mulher. No Brasil, a violência contra a mulher se coloca como um problema social expressivo e, para além de estatísticas, a violência que mulheres, sobretudo negras e pobres, sofrem todos os dias em todas as esferas é silenciada e, por vezes, naturalizada.
Este caso, aponta o uso da violência para intimidar, coagir e reprimir, de acordo com uma ideia de ordem dirigida pelos grupos que estão no poder. O machismo, profundamente arraigado na atual ordem social, é explicitado em como as mulheres são veementemente atacadas pelos mecanismos de dominação.
Consideramos que a ação da Policia Militar demonstra uma clara orientação de ataque do Estado frente aos direitos humanos, nos colocando cada vez mais distantes de uma sociedade justa e igualitária.

06 de março de 2012

sábado, 3 de março de 2012

CARTA ABERTA DO CENTRO ACADÊMICO DE HISTÓRIA DA UFU SOBRE O CASO DE VIOLENCIA POLICIAL OCORRIDO NA ATIVIDADE DE RECEPÇÃO DOS CALOUROS

Segue abaixo a carta aberta divulgada pelo Centro Acadêmico de História (CAHIS) da UFU sobre a atrocidade do dia 27 de fevereiro em que estudantes sem justificativa alguma foram violentados e presos. Todo apoio ao CAHIS e aos estudantes da UFU.



CARTA ABERTA DO CENTRO ACADÊMICO DE HISTÓRIA DA UFU SOBRE O CASO DE VIOLENCIA POLICIAL OCORRIDO NA ATIVIDADE DE RECEPÇÃO DOS CALOUROS

O Centro Acadêmico (C.A.) de História da UFU, gestão “O tempo não Pára” vem por meio desta nota esclarecer e se posicionar sobre os fatos ocorridos no dia 27 de fevereiro de 2012, no que diz respeito a violência praticada pela Polícia Militar (PM) contra estudantes que participavam da primeira atividade da semana de recepção organizada para os calouros do curso de história.
A C.A. de História, assim como a maioria das entidades estudantis de outros cursos, preparou para a primeira semana de aulas, atividades consecutivas de integração, discussão e debates, que tinham como propósito estabelecer um primeiro contato dos novos estudantes com os veteranos e corpo docente do Instituto de História.
Como se pôde verificar, desde o primeiro dia, o objetivo do Centro Acadêmico foi promover um espaço saudável de recepção, evitando em todos os momentos qualquer atitude que pudesse ser caracterizada como os lamentáveis trotes já conhecidos como práticas de humilhação e constrangimento causados por alguns veteranos aos calouros. Tratou-se, portanto, de uma concepção política adotada pelo C.A., cujo fundamento se assenta na necessidade de politização das atividades propostas, desde a confraternização cultural até as rodas de conversa com os ingressantes em sala de aula. Esta compreensão de como deve ocorrer uma semana de integração, podemos afirmar com sóbria tranquilidade, foi apoiada por ampla maioria do corpo discente de História, apesar de um grupo reduzido de colegas do curso ainda tentarem promover a banalização das atividades com práticas machistas, homofóbicas e humilhantes, que há alguns anos vinham provocando uma péssima impressão de quem são e como se comportam os estudantes de história da UFU. Esta concepção ideológica de hierarquização entre veteranos e calouros foi combatida desde o início pelo C.A. e por vários outros estudantes que comungam deste mesmo entendimento.
A partir dessa compreensão, no primeiro dia foram realizados espaços de confraternização que, ao contrário do que afirmou a mídia, não duraram 24 horas, mas tiveram início no período da manhã, encerrando-se por volta das 13h e retornando a noite, por volta das 20h, uma vez que as turmas do curso se dividem nos turnos matutino e noturno.
Estes momentos de primeira socialização se distinguiram qualitativamente daqueles que vinham sendo realizados “tradicionalmente”, já que foram elaborados com o propósito de apresentar a produção cultural dos próprios estudantes do curso, que tiveram a oportunidade de fazer música ao vivo durante a recepção, e sem a reprodução de valores de opressão e preconceito.
As atividades tiveram que ser realizadas fora da universidade, tendo em vista que a administração da mesma suspendeu a possibilidade de reserva dos espaços físicos para a realização de atividades culturais e não vem demonstrando preocupação com a adequação estrutural para a promoção e oferecimento de cultura. Da mesma forma, simultaneamente aconteciam nas proximidades dos campi Santa Mônica e Umuarama, confraternizações de outros cursos, algo comum para o primeiro dia de aula em qualquer universidade.
No período da noite a atividade acontecia tranquilamente, assim como ocorreu pela manhã, sendo que por volta das 22h30min uma banda ainda se apresentava e estavam presentes cerca de 40 pessoas, momento em que a confraternização encaminhava-se para o seu término. Esta era a situação que se apresentava quando a Polícia Militar chegou ao local. Cinco viaturas se aportaram e antes do primeiro contato o som foi imediatamente interrompido. No entanto, verificou-se claramente a truculência com que o comandante e os demais policiais agiram desde a abordagem inicial, uns com fuzis em mãos e outros empunhando grandes porretes de madeira, exigindo de forma intransigente que os participantes do evento fossem retirados da casa num prazo máximo de cinco minutos.
Um dos moradores, seguindo as ordens, solicitou aos estudantes que se retirassem da residência. Enquanto isso ocorria, o sargento, sem esperar ao menos o prazo estabelecido por ele mesmo (cinco minutos), ameaçava invadir a casa para fazer, em suas palavras, “um arrastão”. Alguns estudantes argumentaram, intimidados, que aquilo não seria necessário, pois a atividade já havia se encerrado. Ainda assim, o sargento insistiu que ninguém o impediria de entrar. Uma estudante apontou que para isso a apresentação de um mandado se fazia necessário. Na inexistência do documento, esta obrigação legal foi ignorada intransigentemente, apesar do apelo dos estudantes para que não se fizesse o uso da violência. Com a continuidade da argumentação sobre ilegalidade da invasão do imóvel, a estudante, membro da coordenação do Centro Acadêmico de História, foi arrastada de dentro da casa, agredida e algemada por dois policiais homens que a arremessaram sobre o capô da viatura com brutalidade sem alegação ou justificativa do motivo da prisão.
Diante da atitude da polícia que procedeu com o uso da violência arbitrária contra uma mulher, os estudantes que presenciavam a situação questionaram o porquê da prisão, sendo outra estudante também agredida com enforcamento por um dos policiais. O morador da casa, também membro da coordenação do Centro Acadêmico de História, que ainda tentava negociar através do diálogo, também foi detido sem nenhuma explicação, o que provocou ainda mais indignação e pânico nos estudantes que estavam presentes.
No momento que os policiais tentaram se retirar do local, os estudantes se dirigiram até a viatura onde estava a estudante no intuito de impedir que esta fosse levada por quatro homens sem a presença sequer de uma policial mulher. O PM que estava na direção do veículo o lançou contra os estudantes que, em seguida, foram brutalmente espancados com cassetetes e porretes por policias que retiraram sua identificação, causando terror e desespero nos estudantes, que corriam na tentativa de se protegerem. Vários deles sofreram ferimentos e escoriações, tendo como caso mais grave o de um estudante que foi atingido na cabeça quando tentava impedir que uma amiga fosse agredida.
Durante a pancadaria, um ex-professor da UFU, que passava pela rua, tentou mediar e pacificar a situação buscando dialogar com um dos policiais, quando foi surpreendido com um golpe no abdômen. O rapaz reagiu em sua defesa e conseguiu correr por alguns metros, sendo alcançado por um policial que o espancou violentamente e também o levou preso.
Após o ocorrido, as viaturas seguiram com os estudantes detidos, que foram levados pelos policiais sem que soubessem para onde. Durante todo o tempo em que estiveram em poder da PM, os estudantes foram humilhados e ameaçados, inclusive de morte. No posto policial os dois rapazes ficaram por duas horas e meia algemados no camburão fechado, sem nenhuma ventilação e sem acesso a direitos básicos como matar a sede, ir ao banheiro, ou fazer contato com familiares e um advogado. Enquanto permaneciam no camburão, em vários momentos os policiais faziam ofensas a ambos, sendo um deles acusado de maneira muito específica pelo termo “comunistinha”. A estudante foi mantida algemada em uma sala da delegacia na presença de policiais que permaneceram todo o tempo hostilizando-a e, por vezes, fazendo piadas. Todos foram levados à UAI, porem não foram averiguados os hematomas, apenas se efetuou um cadastro.
Em seguida, foram reconduzidos ao posto policial e, posteriormente, à 16ª Delegacia da Polícia Civil. Os advogados foram chamados pelos companheiros que não haviam sido presos e, mesmo assim, os policiais que faziam o plantão na delegacia não quiseram recebê-los de imediato e permitir que conversassem com os estudantes, já encarcerados. Mesmo feridos, os jovens que se encontravam na festa dirigiram-se para a 16ª DPC para obterem informações sobre seus companheiros. A imprensa também estava presente para cobrir o fato. Ao entrevistarem o sargento que conduziu a operação, outros policiais rondavam o local com o intuito de intimidar os estudantes e familiares, inclusive apontando armas de fogo na direção deles. Os estudantes detidos foram liberados por volta de 5 horas da manhã depois de uma longa e desgastante negociação.
Os estudantes apresentaram denúncia ao Ministério Público sobre a ação dos policiais militares envolvidos. Desde o início do ocorrido ficou evidente a intenção prévia dos policiais em não estabelecer o diálogo, mas aplicar o uso da violência e abuso de poder. Ficou clara também a consciência dos policiais da ilegalidade da ação empreendida, temendo ser identificados e, em alguns momentos, comentando com hostilidade a possibilidade de somar “mais um processo” para os mesmos. Verificou-se, ainda, que o relatório do boletim de ocorrência da Polícia Militar traz uma versão completamente inverídica, mentindo sobre falas e fatos e forçando grosseiramente caracterizações dos envolvidos em situações de delito.
O ato de violência praticado contra uma mulher estudante que não tinha nenhuma condição de oferecer resistência a dois policiais homens, bem como a outras estudantes que também foram violentadas sem explicação, chama atenção e causa indignação para uma situação em que mais uma vez as mulheres estão sujeitas ao uso da força como forma de opressão.  Questiona-se o papel do Estado na sua função de proteção à mulher quando suas instituições (no caso a PM) são os próprios agentes desta violência.
Frequentemente vêm a público, ações policiais em que ficam explícitos os abusos de autoridade, violações aos direitos humanos e criminalização dos movimentos sociais. Casos como a desocupação dos estudantes da reitoria e moradia da USP, a desocupação de Pinheirinho em São José dos Campos, os assassinatos de trabalhadores rurais e indígenas, são exemplos dessa crescente onda de repressão por parte dos mecanismos de coerção do Estado.
Em Uberlândia, o Movimento Estudantil da UFU vem sofrendo a mesma natureza de perseguição política e coação. Onze estudantes estão sendo processados devido a uma ocupação a favor da democracia na UFU e policiais disfarçados foram identificados em manifestações realizadas neste ano de 2012 (Movimento contra o aumento do passe e Ato em solidariedade a Pinheirinho). Os integrantes do Centro Acadêmico de História também participam dessas mobilizações e já vinham temendo por perseguições devido a sua militância. A utilização de termos como “comunistinha” e “agitadores” pelos policiais aos estudantes, durante a noite do dia 27/02, aponta para que a PM tinha a identificação prévia dos mesmos.
Diante deste grave acontecimento, repudiamos a ação da polícia bem como a violência e repressão institucionalizadas pelo chamado “Estado democrático de direito”. Ações policiais truculentas se revelam uma constante e em Minas Gerais isto vem ficando cada vez mais evidente, tanto mais quando direcionadas contra a população pobre ou a outros grupos estigmatizados socialmente. O aparato policial é controlado e opera de acordo com interesses políticos, econômicos e sociais dos segmentos dominantes. Na perspectiva adotada por esses grupos, que se mantêm há décadas no poder e, não raro, estão associadas diretamente à Ditadura Militar, todas as formas que destoem de sua concepção do que seria “ordem” devem ser perseguidas. Assim, não só a ação popular organizada, mas mesmo as formas de diversão e lazer alternativos são duramente combatidas. Devemos lembrar que a repressão empreendida não se limita ao campo das ações policiais, mas alinhada com estas. Podemos citar os exemplos recentes da máquina de propaganda contratada pelo governo mineiro para criar uma imagem negativa dos professores da educação básica que estavam em greve. Ou ainda, a progressiva restrição dos grupos dirigentes da UFU para utilização dos espaços físicos da universidade para realização de atividades culturais organizadas pelos estudantes, utilizando como argumento, mais uma vez, uma imagem estigmatizada difundida pela mídia, mas sem a proposição de um efetivo debate da questão junto a comunidade interna ou externa.
A constituição de outro modelo de segurança pública, não simplesmente opressor ou coadunado com interesses dos grupos que estão no poder, revela-se como condição fundamental para consolidação de uma sociedade verdadeiramente democrática. A violência policial, apresentada de modo espetacularizado em muitos programas da televisão brasileira, mais desumaniza homens e mulheres do que aponta para efetiva extensão e consolidação dos direitos humanos e da cidadania. Certamente esse não é o caminho para que superemos a criminalidade e as contradições sociais.
Convocamos o conjunto dos estudantes e a comunidade em geral a nos colocarmos em campanha permanente em defesa dos direitos humanos e da liberdade de expressão e manifestação.


Uberlândia, 03 de março de 2012
Centro Acadêmico de História da UFU – Gestão “O Tempo não Pára”


ANEXO I
Programação da recepção de Calouros do curso de História organizada pelo Centro Acadêmico




ANEXO II


Foto tirada por um vizinho do local em que a confraternização dos calouros estava acontecendo. Havia oito viaturas no local e cerca de 20 policiais fortemente armados. Em uma entrevista a mídia local a PM divulgou que tinha mobilizado apenas três viaturas.




ANEXO III
Boletim de Ocorrência da Polícia Militar de Minas Gerais.