Acreditamos que o DCE, assim como o conjunto de D.A´s e C.A-s querem dar boas-vindas aos ingressantes da UFU de uma maneira divertida e politizada, capaz de apresentar esta nova realidade, que é a vida universitária, através do olhar dos próprios estudantes. As Calouradas organizadas pelo DCE, D.A´s e C.A´s costumam ser momentos marcantes na trajetória de um estudante universitário. Mas o que é uma Calourada?
Não é um evento acadêmico, porém, não deixa de conter a academia. Mas, por querermos realizar um evento que expresse a vivência universitária, a Calourada deve evidenciar a Universidade em seu conjunto. Não somente a sala de aula, mas também os corredores, as praças, as quadras, enfim, todos os espaços que permitam a criativa produção científica, cultural e política.
Por isso, é preciso construir espaços que dêem visibilidade ao que é produzido pelos próprios estudantes e que fomente a renovação dessa produção através da busca pela participação dos ingressantes nos principais temas candentes da universidade.
Como acreditamos que a Universidade não pode ser uma ilha, devemos também buscar transformar a Calourada em uma referência cultural para os estudantes. É importante que se busque a integração com outras culturas, principalmente as populares, que são excluídas pela grande mídia e a indústria cultural.
Neste sentido, o movimento estudantil cumpre um papel essencial. Através do DCE, entidade máxima dos estudantes da UFU, nosso movimento atua como instrumento organizador, integrador e formador de identidade. Buscamos a interação entre todos, porém esta interação se dará através de ricas atividades culturais, debates, jogos e discussões do papel do estudante na Universidade, não somente como indivíduo, mas também como sujeito coletivo que participa dos espaços decisórios da UFU.
Uma proposta para o tema: Democratização do acesso ao ensino superior público
É acreditando nessa concepção sobre a Calourada e seu papel na UFU que nosso coletivo apresenta o seguinte tema como proposta a ser apreciada pelo CONDAS: Democratização do acesso ao ensino superior público.
Entendemos que os últimos acontecimentos gerados pelo caso do PAAES (em que estudantes de escolas da rede privada de ensino conseguiram garantir suas matrículas através de liminares concedidas pelo Poder Judiciário, prejudicando vários estudantes oriundos de escolas públicas) suscitam a necessidade do debate no ME da UFU sobre a questão do acesso ao ensino superior público.
Sabe-se que a educação no Brasil, de maneira geral, é marcada pelas desigualdades sociais e econômicas que assolam a maior parte da população. O impacto no acesso a uma educação com qualidade é claro e tem sua origem na configuração sócio-econômica brasileira criando uma forma seletiva, excludente e elitizada de acesso ao ensino superior. Na faixa etária entre 18 e 24 anos (considerada apta para ingresso no ensino superior) 12,1% dessa população encontram-se matriculados em algum curso de graduação (Inep, 2007) onde 74,1% das matrículas estão no setor privado, enquanto apenas 25,9% estão em instituições de ensino superior públicas.
Para além do caso do PAAES outra discussão se faz presente na pauta da UFU: a adesão (ou não) ao processo seletivo unificado SISU/ENEM. Acontece que nos últimos tempos (desde 2009), o debate está sendo traçado de maneira atropelada, excluindo um debate mais democrático com os segmentos da universidade, principalmente os estudantes.
O Movimento Estudantil (ME) que sempre contribuiu historicamente no país, na luta por direitos a uma educação pública, de qualidade, democrática e referenciada na maioria social não pode se furtar desse debate que se torna tão atual e presente em nossa realidade universitária. Sendo assim, entendemos este momento como oportuno de inserir na Calourada essa reflexão com todos(as) os(as) estudantes de nossa Universidade, principalmente com nossos calouros(as), uma vez que essa necessidade se faz presente. Tudo isso, (é claro) sem deixar de realizar um evento que expresse a vivência universitária.
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