O movimento estudantil encontra-se em crise no atual cenário brasileiro. Tornou-se incapaz de satisfazer as demandas dos estudantes, os quais estão cada vez mais distantes da mobilização estudantil, que fora tão comum em outros tempos. Ele não mais atua com relevância nas questões de interesse geral. Essa desorganização do movimento, aliada à descrença por parte da comunidade estudantil, provavelmente tem sua origem na sucessão de erros que o movimento tem cometido, especialmente no que se refere ao seu método de ação.
A partir da necessidade de repensar as práticas do movimento estudantil, faz-se necessário investigar quais foram e têm sido suas falhas; mas não apenas isso, como também tentar chegar a uma nova forma de agir, que encontre maior aceitação por parte dos estudantes. O Coletivo DialogAção nasceu neste contexto: a busca por uma nova forma de comportamento no movimento estudantil, para que as pretensões levantadas pelo movimento sejam realmente efetivadas.
Surgimos a partir da insatisfação com a atual política estudantil com a qual temos contato; sendo assim, temos de fazer algo diferente do que está posto para, através da diferenciação qualitativa, atingir a credibilidade necessária para a estruturação de um coletivo forte e capaz de promover intervenções legítimas, coerentes, com adesão e critério.
Surgimos também de uma insatisfação com o atual cenário político-social que vivemos, em que as necessidades da maioria da população é esquecida para benefício de uma minoria. Confiamos na ação popular organizada para se chegar à mudança almejada e necessária; contribuiremos e nos uniremos com grupos e pessoas que assim pensam e estão dispostas a agir segundo este princípio. Pensamos que uma população consciente e que delibera sobre suas necessidades políticas e sociais será capaz de promover uma nova sociedade, e acreditamos que somente quem necessita é capaz de expressar suas necessidades. Então, não podemos estar alheios ao processo renovador, nem submissos às vanguardas intelectuais.
Os dois princípios básicos de nosso coletivo, sob os quais serão pautadas todas nossas ações, são a autocrítica e o constante diálogo. Objetivamos ser um grupo dinâmico e assim não nos prendermos a dogmas, com o intuito de sermos capazes de aceitar críticas e, com isso, tentar crescer; estamos dispostos, sempre que necessário, a repensar nossas idéias e ações. A partir disso, poderemos constantemente refletir sobre nossos atos para ser possível sempre pontuar nossos erros e acertos e, uma vez identificado o erro, tentar não repeti-lo. Promoveremos nossos planos de ações em cima de recorrentes debates entre os estudantes, professores, servidores e, quando possível for, com outros grupos interessados da sociedade, para que com isso sejamos capazes de dosar bem os conteúdos divergentes, a fim de chegarmos ao consenso.
Buscaremos a identidade dos estudantes com nossos propósitos. Só podemos nos considerar um grupo de representação estudantil quando contarmos com a adesão dos estudantes, para que com isso nossas ações sejam legitimadas. Construiremos tudo em conjunto com eles, já que a aspiração do movimento estudantil é ser a sua voz, e não a voz de um pequeno grupo ideológico. Proporemos atuações palpáveis e utilizaremos de uma linguagem mais simples, direta e coloquial para expressarmos nossos anseios. Para tanto, é imprescindível que busquemos contato direto e intenso com os professores, técnicos, alunos de outras instituições, alunos UFU/Pontal, e outros setores sociais.
Almejamos uma Universidade justa, igual, democrática, sem disparidades; pública, gratuita e de qualidade. Pensamos que a união dos estudantes em torno de um objetivo comum é capaz de aproximar a universidade cada vez mais deste ideal. Agiremos também no campo cultural-artistíco da universidade, com fim a incentivar e aproveitar a efervescência cultural que historicamente temos nesses âmbitos.
Por fim, vale salientar que não estamos dispostos a apenas promover a "crítica pela crítica": buscaremos também as possibilidades de solução às problemáticas levantadas. Promoveremos debates abertos, levantaremos problemas, pesquisaremos soluções, organizaremos eventos temáticos e de formação política; enfim, agiremos em conjunto, sempre buscando alcançar o consenso.
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